quinta-feira, 24 de abril de 2008

Transposição do Rio São Francisco

Transpor ou não? Eis a questão. Se pararmos para pensar, aliás, é só olhar e perceber que é uma megaobra para enriquecer os bolsos dos políticos favoráveis, e não para o devido fim que eles propõem.
A transposição consiste em levar água para os que vivem no semi-árido, diminuindo assim a fome, as desigualdades sociais e as diferenças regionais. Mas na prática, não é isso que vai acontecer. A maior parte da água, cerca de 70%, será levada para os agronegócios (fazendas de fruticultura e carcinicultura) responsáveis pela exportação na região e que nada contribui para a geração de empregos e inclusão social. E apenas 4% para pequenos agricultores e populações difusas, os que realmente enfrentam a seca predominante dessa região. Isso é uma violação da moral, da ética e da legislação. É também uma violação à natureza, pelo grande impacto que irá provocar ao meio ambiente e à biodiversidade do rio.
O Velho Chico não pede que suas águas sejam esparramadas e sim cuidadas. Ele pede socorro! Ele pede revitalização! O rio corta 5 estados brasileiros, com sua nascente na Serra da Canastra e sua foz no Oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. Ao longo de seus 2800Km de extensão, ele já vem sofrendo as intervenções antropológicas, tendo sérios problemas com a poluição, vazão, assoreamento, uso irracional da água, construção de barragens dificultando a reprodução de peixes e o desmatamento das matas ciliares. E com a transposição, todos esses problemas serão agravados.
E os biólogos que estão trabalhando nessa empreitada, no meu ponto de vista, não está sendo condizente com o Código de Ética do Biólogo, onde lemos, logo no Capítulo I, no 2ª artigo o seguinte, “Toda atividade do Biólogo deverá sempre consagrar o respeito à vida em todas as suas formas e manifestações e à qualidade do meio ambiente...”. Há também o artigo 6ª do Capítulo III que o dever do Biólogo é “não ser conivente com os empreendimentos que possam levar riscos, efetivos ou potenciais, de prejuízos sociais ou ao meio ambiente...”.
Lembro também que o governo não está respeitando a lei 9433/97 (Lei das Águas) não aceitando a oposição da população e do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, dando continuidade à obra.
É uma luta que não deve ser só dos políticos opositores ao projeto nem das populações diretamente atingidas pela transposição, e sim de toda a sociedade, principalmente de biólogos com conhecimentos da área, pois é uma atividade que vai prejudicar e muito a nossa Terra.

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